Miriam Prestes de Oxalá
Dirigente Espiritual do Instituto Caminhos do Oriente
Essa semana li um texto que chamou muito nossa atenção.
Alguns autores mais jovens admiram-se com a presença de Exus que incorporam com os corpos tortos, não verbalizam e bebem sua cachaça no chão. Chegam a dizer que eles não existem. De fato, nos últimos anos os Exus e Pombagiras que desfilam pelos salões, bebericando em taças de cristal é algo bem comum.
Em nosso terreiro de origem (fundado em 1956) e no terreiro dos avós de nosso irmão Caril, a Esquerda só vinha para a limpeza espiritual do grupo mediúnico no final de alguns trabalhos, sob portas fechadas. Alguns médiuns incorporavam esses Exus bastante primitivos, sem verbalização, arrastando-se ou movendo-se de forma bastante curiosa e lambendo as bebidas (cachaças vertidas quentes) no piso. Assim fomos desenvolvidos no início de nossa mediunidade, coisa que os mais antigos poderão relatar aos mais jovens.
Tais incorporações eram bastante pesadas, quase dolorosas aos seus médiuns em um trabalho de profunda abnegação. Mesmo que apresentassem algo desagradável a quem os visse pela primeira vez, jamais caíam no grosseiro, no cômico ou no “pitoresco” como lemos relatos essa semana.
Eles chegavam, limpavam e partiam. Eram eles os “Exus de Pé”, os exus quase elementares que trabalham sob as ordens de nossos Exus Guardiães.