Roda de Conversa Sobre Liberdade Religiosa:

Nesta última quinta-feira (8), tive a honra de representar a Umbanda em um encontro verdadeiramente especial, promovido pelo Fórum Inter-religioso para uma Cultura de Paz e Liberdade de Crença, com o apoio da Secretaria da Justiça e Cidadania, e realizado nas acolhedoras instalações da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP).

Com o tema “Liberdade Religiosa: Direito de Todos”, o evento faz parte das comemorações ao Dia Estadual da Liberdade Religiosa — 25 de Maio (Lei Lei 15.365/2014) — e reuniu representantes de diversas tradições espirituais — entre elas Budismo, Candomblé, Espiritismo, Judaísmo, Protestantismo e Umbanda — em uma roda de conversa sensível, potente e necessária.

A proposta do encontro foi muito além da troca de palavras. Tratou-se de uma vivência de escuta ativa, respeito e valorização das diferentes formas de se viver a espiritualidade. Em tempos marcados por intolerância e discursos de ódio, sentar-se lado a lado com irmãos e irmãs de fé diversa, para construir pontes e reafirmar o direito sagrado à liberdade de crença, é um ato de coragem, resistência e esperança.

Agradeço profundamente à FEESP, não apenas pela organização impecável do evento, mas pela postura de acolhimento e pela abertura ao diálogo com tradições que, historicamente, foram marginalizadas ou incompreendidas. Esse gesto, por si só, já é uma contribuição valiosa para a promoção de uma cultura de paz e inclusão.

Durante o encontro, tivemos falas valiosas que reforçaram a importância de proteger a liberdade religiosa como um pilar da dignidade humana. O radicalismo, a imposição de verdades únicas e a negação da fé do outro ainda são desafios constantes em nosso país. Por isso, espaços como este são fundamentais para desmistificar, educar e transformar.

Como umbandista, deixo esse momento com o coração nutrido. Pude compartilhar nossa visão de mundo, baseada na caridade, na ancestralidade e no respeito à natureza e ao ser humano. E, ao mesmo tempo, pude aprender com outras tradições, absorvendo aquilo que soma, que constrói e que aproxima.

Que este encontro inspire novas iniciativas, novos compromissos e, sobretudo, novas atitudes no nosso dia a dia. Porque a liberdade religiosa não se defende apenas em discursos: ela se constrói nas relações, na escuta, na convivência e na ação.

Que a luz da fé — em suas múltiplas formas — continue sendo um farol para a paz, a justiça e a fraternidade entre os povos.

Deixo aqui também meu agradecimento especial ao Pai Pequeno Rafael, Pai Pequeno Tiago e Abaré-Guaçú Rodrigo, filhos de nossa casa que representaram com dignidade, respeito e amor o que acreditamos e vivemos em nossa caminhada religiosa.